De acordo com os últimos desenvolvimentos da pandemia de COVID-19, as medidas extraordinárias aprovadas pelo Governo Português e as anunciadas pela Conferência Episcopal Portuguesa.
Neste tempo de particular responsabilidade, todos os fiéis do Povo de Deus, desde logo os padres e leigos empenhados na pastoral, darão com alegria razões da sua esperança se, neste momento, abrirem a imaginação ao sopro do Espírito Santo, para além dos cancelamentos das celebrações. Seguramente, porque caminham à frente do povo, como condutores esclarecidos dispostos a inaugurar caminhos, para corresponder à fome daquela boa notícia, o evangelho de Jesus, que jamais poderá apagar-se.
Subimos com Jesus para Jerusalém e vamos celebrar a Páscoa. E há mananciais inesgotáveis. As contingências são passageiras. Sabemos sofrer e desejar melhores dias. Mais do que lamentações, hoje inauguramos um tempo que nos vai fazer pensar e reinventar formas de viver a fé em cada casa, reaprendendo até uma vida doméstica que parecia diminuída por certos ritmos. Procuremos reanimar, com a alegria de quem partilha a fé entre amigos, o sentido profundo de famílias crentes e animadas pela esperança.
A forma comum de celebrarmos o mistério pascal sucede, como sabemos e frequentamos, através das celebrações litúrgicas. Por aqui passa a excelência. E nada se pode comparar a esta celebração da vida em comunidade. Bem sabemos que a obra da salvação se realiza, mediante o sacrifício e os sacramentos, à volta dos quais gira toda a vida litúrgica» (SC 6). E, por isso, tudo fazemos por nela participar de forma activa, consciente e frutuosa (cf. SC11).
Este ano, por razões de particular excepcionalidade, iremos celebrar as festividades pascais em nossas casas, pois será difícil prosseguir, por motivos de salvaguarda da saúde pública, com as celebrações nas igrejas, santuários e capelas. A alegria da nossa fé vai readquirir outros matizes, que nem imaginaríamos serem possíveis, em casa quase naquela memória da comemoração judaica: com a leitura da palavra de Deus, as perguntas das crianças, a respostas dos pais e dos avós, e o alimento partilhado.
Por mais que a Liturgia seja a forma mais excelente de celebrar a fé, e a ela voltaremos passada a crise actual, gostaria de recordar que «a participação na sagrada Liturgia não esgota, todavia, a vida espiritual» (SC 12). Saberemos, na fidelidade ao Espírito Santo, suscitar iniciativas que provocarão uma revitalização da fé e da piedade em igreja doméstica. A complexidade destes momentos deverá, por isso, trazer novo ardor e alegria na vivência da fé a partir das casas de cada um.
Partindo desta certeza e atendendo aos últimos desenvolvimentos da pandemia de COVID-19, e acompanhando de perto as medidas extraordinárias aprovadas pelo Governo Português, bem como as anunciadas pela Conferência Episcopal Portuguesa, dão-se a conhecer as seguintes orientações pastorais:
1. Suspensão das celebrações comunitárias
Esta manhã, a Conferência Episcopal Portuguesa, auscultando todos os bispos diocesanos, determinou a “suspensão da celebração comunitária da Santa Missa até ser superada a actual situação de emergência”. Neste sentido, confirmo, para todo o território da Arquidiocese de Braga, esta determinação, com efeitos imediatos.
Os sacerdotes continuarão a celebrar diariamente a eucaristia, rezando por todo o Povo de Deus, mas sem a presença dos fiéis leigos.
2. Casamentos, baptizados, funerais e orações comunitárias
As orações comunitárias, tais como a Via Sacra, Recitação do Rosário, bênçãos e lausperene, encontram-se igualmente suspensas.
Particular atenção deve ser dada aos matrimónios e baptizados. Sabemos que se trata de um momento especial e há muito desejado, mas as circunstâncias actuais exigem um novo modo de viver este dia tradicionalmente festivo. Perguntamo-nos se não será possível adiar para uma data mais conveniente. Não sendo possível, que sejam celebrados talvez sem a eucaristia, e que o número de presentes na celebração seja estritamente reduzido ao mínimo.
3. Funerais e vigílias pelos defuntos
No que diz respeito aos funerais, determina-se que o mesmo decorra segundo a modalidade “Celebração das Exéquias sem missa”, presente no Ritual das Exéquias, adaptando-se, naturalmente, às circunstâncias do lugar e na presença das pessoas mais próximas ao defunto, evitando-se também quaisquer gestos afetuosos de proximidade, no cumprimento das regras de distanciamento social e etiqueta respiratória.
As Missas Exequiais podem ser celebradas após a superação desta fase crítica ou nas eucaristias que o sacerdote celebrará em particular, sempre sem a assistência de pessoas ou por um grupo muito restrito de familiares previamente validado pelo pároco.
4. Algumas sugestões para viver este tempo invulgar
Acompanhamento de celebrações: pode assistir, através da página de Facebook da Arquidiocese, à eucaristia celebrada na capela do Paço Episcopal de Segunda a Sábado às 18 horas e no Domingo às 11 horas. Aconselhamos, também, que se siga a eucaristia através dos diversos canais da televisão.
Leitura da Palavra de Deus: pode consultar a página do Secretariado Nacional da Pastoral da Liturgia para ler e meditar a Palavra de Deus diária.
Oração diária: as aplicações e serviços Click to Pray, Passo-a-rezar, Laboratório da fé e iBreviary estão disponíveis para ajudar a manter a oração pessoal e familiar.Sugere-se também o acompanhamento da recitação do Rosário, diariamente às 18h30, na Rádio Renascença.
5. Serviços diocesanos
A Cúria Arquidiocesana estará encerrada ao público até determinação em contrário. Será sempre possível contactar telefonicamente os Serviços Centrais para qualquer assunto com caráter de urgência. Os processos deverão ser encaminhados pela internet (utilizando a plataforma Kyrios) ou através dos CTT. Convém fazê-lo atempadamente para que os Serviços possam responder a tempo das celebrações.
A Livraria Diário do Minho funcionará à porta fechada. Serão aceites encomendas por telefone ou email, sendo depois as mesmas entregues por CTT ou agendamento prévio.Na esperança de que brevemente possamos alterar estas orientações, deixo a minha bênção e unidade a todos os sacerdotes e cristãos.
† Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz
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